segunda-feira, 27 de julho de 2015

O tijolinho - Another little brick in the wall - Relatos de um desconectado - Parte 2



Os primeiros celulares eram enormes e não foi à toa eles terem sido apelidados de tijolões. E o primeiro celular vendido no Brasil era o tijolão clássico.

E se levarmos em consideração os modelos mais antigos, podemos dizer que o tijolão tinha um design inovador. Vejam como o sujeito abaixo exala glamour com seu moderníssimo celular oitentista. Muita ostentação, não é mesmo?

O tempo passou, a tecnologia evoluiu e surgiram os aparelhos digitais (sim, os primeiros celulares eram analógicos), que eram bem menores, mas mesmo assim grandes o suficiente para receberem a alcunha de "tijolinhos". O primeiro tijolinho que eu tive foi o da figura a seguir. Depois, quando os aparelhos diminuíram ainda mais, ele foi rebatizado de tijolão. E esse era "o aparelho dos aparelhos", pois diferentemente dos retângulos de hoje em dia que caem no chão e quebram as telas, os tijolões caíam no chão e quebravam o chão.




Pouco tempo depois surgiu o aparelho que foi um dos maiores sucessos de vendas da história, o verdadeiro tijolinho, que era esse Nokia abaixo e que muito provavelmente você, caso tenha mais que 25 anos, já teve algum parecido:

O tempo passou e até o pequeno celular acima foi depois confundido com tijolão, na medida em que os aparelhos ficavam cada vez menores e menores e menores. O que eu me lembro de ter marcado época neste estilo de "pequenez", foi esse modelo da Panasonic:

Eu mesmo tive um aparelho bem pequeno e acho que foi um dos mais legais que eu tive até hoje, embora a qualidade dele em termos de bateria e resistência não chegue nem perto de um Nokia. 

E no ramo dos celulares com flip, a estrela maior, com direito a trocadilho, arrisco a dizer que foi o Star Tac da Motorola, um aparelho analógico de muito sucesso que resistiu ao tempo de forma heroica, sendo sucesso de vendas, mesmo numa época em que começavam a surgir no mercado muitos outros modelos digitais mais modernos. Certamente o design e o fato de ser flip fizeram o Star Tac resistir por tanto tempo (1996 a 2003). Ele foi o celular ostentação do tempo dele. E vou ser sincero, eu queria um, principalmente pelo flip, pois atender uma chamada e desligar na  cara de alguém é uma experiência única. Pena que nunca tive grana pra comprar um.

Nesse ramo de flip a Motorola emplacou depois outros vários modelos mais modernos e de muito sucesso, que foram também símbolos de status e artigo de ostentação nos anos 2000. O V3 foi um deles. 

Mas como eu sempre fui fã do tijolinho da Nokia, quando resolvi comprar um celular de flip escolhi um da empresa finlandesa. Meu Nokia flip foi comprado em 2007 e já era usado (meu irmão foi o primeiro dono). Hoje, em 2015, nem existem mais no mercado brasileiro celulares novos de flip, mas guardei o meu e agora voltei a usá-lo.


Estou de novo com um celular pequeno e gostoso de usar (principalmente na hora de desligar na cara dos chatos), justamente quando a humanidade sofre com a "ditadura" da tela grande e dos celulares "quadrados" (não pensem que eu não sei que eles são retangulares, ok?), todos praticamente iguais. E por que voltei a usar? Porque eu estava viciado nos tais smartphones e esse vício estava me fazendo muito mal.

"Tudo bem, Sandro, mas pra que esse papo nostálgico sobre celulares?". Bom, na verdade estou aqui só pra dizer que estou super feliz com meu "tijolinho". Aliás, é erro chamar meu atual celular de tijolinho. Primeiro porque é um celular de flip que nunca foi chamado de tijolinho e segundo porque se ele fosse um tijolinho, o que seriam os celulares de hoje em dia? Another big bricks in the wall? Olhem só a foto abaixo:



Como podem notar, a diferença de tamanho é muito grande e isso faz com que a experiência de levar somente o pequeno celular no bolso seja gratificante.

Então, pra resumir a postagem, vamos às vantagens de ter feito o downgrade de celular, fruto da minha desconexão.

- Pra começar, me mantenho firme e desconectado, me livrando aos poucos do vício de a cada dois minutos arrastar os dedos no retângulo luminoso pra ver se tem novas notificações.

- Consigo almoçar prestando atenção na comida, sem olhar feed no Facebook.

- Consigo chegar em casa, sentar no sofá e prestar atenção nas pessoas, sem ter que antes responder às mensagens no WhatsApp ou passar pelos grupos pra ler o que esteve rolando enquanto eu estava dirigindo.

- Posso decidir o caminho que "der na telha", me livrando das dicas furadas do Waze (ok, o Waze já me salvou várias vezes dos engarrafamentos, mas estou sobrevivendo sem ele).

- Cade meu celular? Sim, está no bolso, mas não consigo perceber. Ótimo!

- Descobri que conversar em tempo real, sem ser por texto ou áudio no WhatsApp, é bem legal. É um jeito interessante de se conversar, que eu nunca gostei muito, mas que agora estou aprendendo a valorizar.

Admito que sinto falta das facilidades dos bons aplicativos, mas em prol de uma vida mais humana e vivida de forma real, vou me adaptar e ficar sem essas facilidades. A própria agenda de contatos e sincronização online é algo que não dá pra acreditar que não existia antes!

Pra finalizar, posso dizer que a troca de celular, como parte fundamental do meu plano de desconexão, está sendo uma etapa bem legal, mas é apenas um "tijolinho" nesse caminho para um mundo desconectado. Another little brick in the wall.

Aguardem os próximos relatos.






6 comentários:

  1. Já notei que quanto maior o vício, maior a polegada da tela do smartphone. E tudo ao redor tem que ser interativo. A tv, a geladeira, o fogão, o ferro de passar, o ar que respiramos.E com o passar tempo- muito curto por sinal - essa quinquilharia tecnológica vai se aprimorando. Enquanto nós, viciados, deixamos de ser a interatividade em pessoa e cada vez mais regredindo. Gostei do texto. Me fez lembrar que eu era feliz e não sabia, antes dos apetrechos interativos.

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    1. É isso Adriana. Muitas pessoas acreditam que a tecnologia trabalha pra elas, mas é ao contrário. Claro que existem pessoas que sabem usar os gadgets de forma prática, moderada e sem deixá-los atrapalhar suas vidas, mas isso não é comum e eu arriscaria a dizer que estas pessoas são a minoria. O comum e o que mais vejo são pessoas dependentes do mundo digital e seus apetrechos. Eu fico pensando as vezes que passei toda a adolescência sem ter nem mesmo um celular. Como hoje não podemos nem imaginar a vida sem nossos aparelhos? Não precisávamos deles e continuamos sem precisar. Não é ser um saudosista sentimental, mas ver que a vida mais simples pode ser a melhor forma de se viver. Talvez os problemas atuais tenham começado um pouco antes, quando inventaram a televisão e as famílias pararam de conversar.

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  2. Queria aderir a essa vida de desconexão também kkk...mas gostaria de achar um desses celulares de antigamente, como esse Nokia mesmo, porém, estes tem sido quase impossíveis de serem achados. Poderia me indicar algum lugar?

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    1. Olá, Lui. Espero que você consiga se desconectar, porque faz bem. Quanto ao celular, se você procurar no Google "Celular sem internet" vai encontrar diversos modelos simples e sem internet com excelente preços.

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