quinta-feira, 30 de julho de 2015

Apocalipse Zumbi - Relatos de um desconectado - Parte 3

Pra quem ainda não assistiu, recomendo que assistam a série The Walking Dead. Eu nunca fui muito fã de filmes de zumbi, mas achei essa série sensacional. Nela os caminhantes mortos, em diversos momentos, se tornam apenas pano de fundo pra contar uma história de instigantes interações humanas que se agravam e ganham enorme complexidade a partir do catastrófico apocalipse zumbi.

Enquanto eu assistia as cinco temporadas, eu pensava "e se aconte- cesse um apocalipse?". Não imaginava um apocalipse zumbi, claro que não, mas um e- vento catastrófico que obrigasse a humanidade, com seus bilhões de espécimes, a lutar pela sobrevivência como nun- ca antes na história. E sabemos que as chances de acontecer um evento que abale a vida na Terra não são pequenas, principalmente por causa da instabilidade e complexidade cada vez maior das relações humanas e da atual dependência da energia elétrica e da tecnologia. Por que eu falo isso? Porque, por exemplo, em 1859 ocorreu uma tempestade solar de grande magnitude  e os estragos que ela ocasionou na época não foram muitos, o principal foi o fato dos postos de telégrafo terem se incendiado. Ninguém morreu por isso. E se ela ocorresse hoje? Os efeitos seriam catastróficos. Estima-se que muitos milhões de pessoas, ou até bilhões morreriam, pois a rede de distribuição de energia entraria em colapso e sem energia hoje em dia não teríamos água e nem alimentos suficientes para todos, ou seja, adeus sociedade como conhecemos. Demoraríamos anos, talvez décadas, pra nos recuperar e enquanto isso as pessoas iam morrendo e morrendo e morrendo.

Mesmo diante de possi- bilidades reais de catás- trofes apocalípticas que fariam as cenas de The Walking Dead se tor- narem reais, exceto pelos zumbis, eu prefiro não pensar em nada disso. Acho que previsões pes- simistas devem ser con- sideradas sim, até pra conseguirmos reagir aos piores cenários, mas a vida precisa seguir e não adianta sofrer por antecedência.

Por outro lado, depois que me desconectei das redes sociais e deixei o smartphone de lado, comecei a ver zumbis de verdade e percebi que antes eu também era um deles. Isso tem me deixado realmente preocupado, pois é o mal que está ocorrendo agora, bem de baixo de nossos narizes, mas poucos estão percebendo. Embora o sol não tenha lançado sua fúria contra a Terra, também não tenha caído nenhum meteoro, não tenha ocorrido um terremoto monstruoso e nem mesmo um vulcão tenha lançado seu fluxo piroclástico na estratosfera, a sociedade está virando zumbi. Sim, tipo os de The Walking Dead. Zumbis retardados que não tiram os olhos e os dedos dos celulares, viciados e dependentes deste objeto, que não vivem o agora. Eles simplesmente não estão presentes. Os corpos deles estão bem na sua frente, mas somente uma pequena parcela das mentes está ali, a outra está "zumbizando" em outro local.  

A humanidade já está numa espécie de apocalipse zumbi, dominada por essa tecnologia e grande parte está escravizada, incapaz de viver a vida real. Somente a desconexão poderá nos salvar? Eu, particularmente, passei a lutar e defender um mundo mais humano e menos conectado. E você?

Vim aqui pra atualizar e colocar uma ilustração que vi hoje (05/07/2016) e que se encaixa perfeitamente no texto acima.



Sobre o tema temos também esse vídeo:



Aguardem os próximos relatos.

2 comentários:

  1. Nossa que vídeo triste. As pessoas estão se perdendo. Espero que você ache 😉

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  2. Conectar: Em uma possível definição, ligar um espaço ao outro por meio de um dispositivo....Acontece que hoje o espaço ( virtual) transcendeu, derrogando-a , de certa forma, a realidade pura e simples da conexão.....pois o espaço real parece ter, de certa forma, sido desconectado desta relação....Ora, se somos seres "reais" imersos ( como decorrência desta derrogação, e não mais apenas conectados a)num espaço " virtual" , fica meio indutivo ( e até mesmo dedutível) que algo se perdeu....Desnaturação, desvitalização, cibernetização ( por mais que estas palavras soem como gritos de um romântico tardio), há que se retomar, talvez, a esteira da Vida, que na verdade apenas nos reconecte ao virtual, permitindo-se que reemerjamos desta Deriva High-tec, redescobrindo as potencialidades de um viver mais pleno.

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